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Dicionário de Filosofia
Raciocínio | ||
Qualquer procedimento de inferência ou prova; portanto, qualquer argumento, conclusão, inferência, indução, dedução, analogia, etc. Stuart Mill dizia: "Inferir uma proposição de uma ou mais proposições precedentes, e crer ou pretender que se creia nela como conclusão de qualquer outra coisa significa raciocinar, no mais amplo sentido do termo". John Stuart Mill excluía do âmbito do Raciocínio somente "os casos nos quais a progressão de uma verdade para outra é apenas aparente, porque o consequente é mera repetição do antecedente": além disso, identificava raciocínio e inferência. Mas essa restrição desapareceu do uso corrente do termo, que hoje compreende também as inferências tautológicas consideradas próprias da matemática e da lógica. Portanto, a ilustração dos significados do termo pode ser achada nos verbetes que constituem a extensão do termo em questão. Peirce, falava em Raciocínios explicativos analíticos ou dedutivos, por um lado, e de Raciocínios explicativos, sintéticos, ou indutivos, por outro que são justamente os nomes mais empregados para designar as duas espécies fundamentais do raciocínio. |
Racional | ||
1. Aquilo que constitui a razão ou diz respeito à razão, em qualquer dos significados deste termo. 2. Quem tem a possibilidade do uso da razão; nesse sentido diz-se que o homem é um animal racional. Santo Agostinho afirma que os sábios "chamaram de racionável quem faz ou pode fazer uso da razão, e de racional aquilo que é feito ou dito pela razão"; portanto, acha que é preciso chamar de racionais os discursos, e de racionáveis aqueles que os praticam. Mas essa distinção não é facilmente defensável porque os antigos chamaram também o homem de racional. Por outro lado chamamos hoje de racionável também aquilo que se conforma à razão. 3. Que tem por objeto a razão, sua forma e seus procedimentos. Neste sentido, Sêneca chamou a lógica de "filosofia Racional". |
Racionalismo | ||
Em geral, a atitude de quem confia nos procedimentos da razão para a determinação de crenças ou de técnicas em determinado campo. Esse termo foi usado a partir do século XVII para designar tal atitude no campo religioso; "Há uma nova seita difundida entre eles (presbiterianos e independentes) que é a dos racionalistas: o que a razão lhes dita, eles consideram bom até que achem algo melhor. Nesse sentido Baumgarten dizia: "Racionalismo é o erro de quem elimina da religião todas as coisas que estão acima da própria razão". Kant foi o primeiro a adotar esse termo como símbolo de sua doutrina, estendendo-o do campo religioso para os outros campos de investigação. Deu o nome de Racionalismo à sua filosofia transcendental, ao passo que chamava de noologistas ou dogmáticos os filósofos que a historiografia alemã do século XIX chamou depois de racionalistas. No terreno da moral, defendia "o Racionalismo do juízo, que da natureza sensível toma apenas o que a Razão Pura pode pensar por si, ou seja, a conformidade com a lei", opondo-se por isso ao misticismo e ao empirismo da razão prática. Finalmente, caracterizava como Racionalismo seu ponto de vista em matéria religiosa: "O racionalista, em virtude desse mesmo título, deve manter-se nos limites da capacidade humana. Portanto, nunca usará o tom contundente do naturalista nem contestará a possibilidade nem a necessidade de uma revelação. (...)
Porquanto sobre tais assuntos nenhum homem pode decidir o que quer que seja pela razão". Por outro lado, Hegel foi o primeiro a caracterizar como Racionalismo a corrente que vai de Descartes a Spinoza e Leibniz, opondo-o ao empirismo de origem lockiana. Por Racionalismo ele entendeu a "metafísica do intelecto", que é a "tendência á substância, em virtude da qual se afirma, contra o dualismo, uma única unidade, um único pensamento, da mesma maneira como os antigos afirmavam o ser. A contraposição entre racionalismo e empirismo fixou-se depois nos esquemas tradicionais da história da filosofia, por mais que o próprio Hegel notasse seu caráter aproximativo. Quanto ao "Racionalismo religioso", Hegel afirmava que ele é "o oposto da filosofia" porque coloca "o vazio no lugar do céu" e porque sua forma é um raciocinar sem liberdade, e não um entender conceitualmente". Com base nessas observações históricas, pode-se dizer que o termo em foco compreende os seguintes significados: 1º O Racionalismo religioso designa algumas correntes protestantes, ou um ponto de vista semelhante ao de Kant. 2º O Racionalismo filosófico designa propriamente a doutrina de Kant (que adotou esse termo), ou então a corrente metafísica da filosofia moderna, de Descartes a Kant. 3º Em sua significação genérica, pode ser usado para indicar qualquer orientação filosófica que recorra á razão. |
Racionalização | ||
1. Esse foi o nome ás vezes dado ao processo de constituição das ciências da natureza em disciplinas teóricas, com adoção dos procedimentos da matemática; supunha-se que esse processo se realizaria perfeitamente na mecânica racional. O ideal da Racionalização foi atualmente substituído pelo da axiomatização. 2. Termo frequentemente empregado por psicólogos e sociólogos para indicar a tendência a procurar argumentos e justificações para crenças cuja força não está nesses processos racionais, mas em emoções, interesses, instintos, preconceitos, hábitos, etc. |
Radicalismo | ||
1. Positivismo social que se desenvolveu na Inglaterra entre o fim do século XVIII e a primeira metade do século XIX; seus expoentes foram Jeremias Bentham, James Mill e John Stuart Mill. Esta corrente valeu-se do positivismo filosófico, do utilitarismo moral e das doutrinas econômicas de Malthus e Ricardo para defender reformas "radicais" na organização do Estado e no sistema de distribuição das riquezas. 2. Mais genericamente, esse termo é hoje usado para designar qualquer tendência filosófica ou política que proponha a renovação radical dos sistemas vigentes, representada pela transformação dos princípios nos quais se apoiem os sistemas de crenças ou as instituições tradicionais. |
Raiz | ||
Termo com que na linguagem filosófica, se designa frequentemente um princípio primeiro ou um elemento último. Empédocles chamou de Raiz os quatro elementos (água, ar, terra e fogo) que compõem as coisas; a partir daí, os filósofos utilizaram frequentemente esse termo para indicar elementos ou princípios. Schopenhauer, deu a uma de suas dissertações o título de Sobre a raiz quádrupla do princípio de razão suficiente, razão porque o adjetivo radical passou a indicar o que diz respeito a um princípio ou constitui um princípio. |
Razão | ||
1 - Referencial de orientação do homem em todos os campos em que seja possível a indagação ou a investigação. 2 - Fundamento ou Razão de ser. 3 - Argumento ou prova. 4 - Relação, no sentido matemático. |
Razoável | ||
Aquilo que está em conformidade com a razão. |
Reação | ||
1 - Ação igual e de sentido contrário a determinada ação. 2 - Movimento que tende a anular ou a neutralizar os efeitos de uma ação ou de uma mudança qualquer. |
Real | ||
1 - Que se refere à algo fisicamente existente. 2 - Aquilo que existe fisicamente e contemporaneamente. 3 - Seres cuja existência causa consequências efetivas. |
Como referenciar: "Dicionário - R" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 22/11/2024 às 18:14. Disponível na Internet em http://sofilosofia.com.br/vi_dic.php?palvr=R