James Green é um brasilianista, um historiador de família Quaker cuja trajetória pessoal está ligada a lutas contra injustiças. Foi assim que se revoltou e protestou contra as atividades no Vietnã.
A maneira como nos conta o que aconteceu no Brasil no golpe de 1964 traz um forte elemento de interpretação pessoal. Isso não desmerece a obra do historiador, isso somente faz aprofundar a discussão do que houve a partir das várias narrativas e de seus pressupostos.
Green é plantado na esquerda e é de lá que vai narrar o que houve. Os EUA apoiaram o golpe de 1964, é bem sabido, arregimentaram forças que nem foram utilizadas, pois Goulart reconhecidamente foi todo débil em suas preparações de defesa.
De qualquer modo, a partir do estudo de Green, temos que se o governo e a imprensa dos EUA simpatizavam com as semelhanças, alguns pensadores evidenciaram desconfiança, denunciaram o que os militares colocavam em marcha.
Os argumentos e os dados trazidos pelo historiador são consistentes, o maniqueísmo da visão de mundo deixa claro quem são os bandidos, os militares, e os mocinhos, a esquerda. A responsabilidade dos EUA é pesada em tudo isso e praticamente decisiva. Não é exagero creditar a Elio Gaspari uma parte importante da obra, uma vez que ele é o alicerce de dezenas e dezenas de páginas.
Green traz mais uma obra que reafirma o pensamento corrente no mundo acadêmico atualmente sobre o que aconteceu em 1964. O episódio foi algo a se lamentar, é evidente, mas ainda algum tempo e novos historiadores, distantes epitelialmente da questão, serão necessário para que se trate do assunto de modo menos cardíaco. Há outras maneiras de se contar esta história na qual bandidos e mocinhos, mais de uma vez, trocarão de lugar.
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