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Provas de concursos e vestibular
(13/Abr) | SEE-MG - FUMARC - 2017 | |||
PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
QUESTÃO 31 Leia o texto a seguir: "Porque enquanto cada homem detiver seu direito de fazer tudo quanto queira, todos os homens se encontrarão numa condição de guerra." (HOBBES, T. Leviatã. SP: Nova Cultural, 2004. p. 114. Adaptado) O pensador inglês Thomas Hobbes acredita que, para evitar a guerra, os homens devem se associar e determinar a autoridade de um poder central (o Estado), capaz de assegurar a paz entre seus membros. Essa autoridade precisa (A) construir um ambiente de diálogo. (B) garantir os desejos individuais. (C) instituir o estado de natureza. (D) limitar as liberdades individuais. (E) respeitar as decisões comuns. QUESTÃO 32 Leia o texto a seguir: "O homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. O homem é como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para a existência; o homem não é mais que o que ele faz." (SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. Lisboa: Presença, 1970, p.216. Adaptado). No texto acima, Sartre se refere ao primeiro princípio do existencialismo: a existência precede a essência. Segundo esse princípio, somente os seres humanos possuem liberdade, porque são os únicos seres que agem de acordo com um projeto (A) de vida boa revelado por Deus. (B) definido pela natureza humana. (C) determinado pelas circunstâncias. (D) existencial determinado pelo destino. (E) por eles mesmos concebidos. QUESTÃO 33 Leia o texto a seguir: "Os Sofistas surgem na Grécia antiga, século V a. C. na passagem da oligarquia para a democracia. São os mestres de retórica e oratória, muitas vezes mestres itinerantes, que percorrem as cidades-estados fornecendo seus ensinamentos, sua técnica, suas habilidades aos cidadãos em geral. Eram relativistas. Sócrates também ensinava nas praças públicas através de perguntas e respostas que despertavam a verdade que está no interior de cada um. Sócrates afirmava que a opinião (doxa) é uma expressão individual, já o conhecimento (episteme) é universal. Desta forma, os sofistas ensinavam a retórica para convencer aos outros que sua opinião é a melhor e Sócrates ensinava a dialética, que através de questionamentos (só sei que nada sei) levava ao conhecimento verdadeiro" (MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004, p. 42-48. Adaptado). De acordo com o texto acima, Sócrates não era um sofista, pois ele (A) buscava a verdade da episteme, enquanto os sofistas despertavam a verdade dentro de cada um. (B) defendia a existência de uma verdade universal, enquanto os sofistas eram relativistas. (C) ensinava nas praças públicas apenas de Atenas, enquanto os sofistas eram itinerantes. (D) era cético, seu lema era "só sei que nada sei", enquanto os sofistas defendiam uma verdade. (E) persuadia através da retórica de que estava certo, enquanto os sofistas eram dialéticos. QUESTÃO 34 Leia o texto a seguir: "Platão distingue o mundo sensível, o dos fenômenos, do mundo inteligível, o das ideias. O mundo sensível, percebido pelos sentidos, é o local da multiplicidade, do movimento; é ilusório, pura sombra do verdadeiro mundo. O mundo inteligível é alcançado pela dialética ascendente, que fará a alma elevar-se das coisas múltiplas e mutáveis às ideias unas e imutáveis" (ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2013, p. 119. Adaptado). Interpretando o texto acima, a relação da verdade com o mundo sensível e com o mundo inteligível é: (A) A verdade está exclusivamente nas ideias do mundo inteligível e ela não depende do mundo sensível. (B) A verdade está exclusivamente no mundo sensível e o mundo inteligível é o mundo dos ideais da imaginação. (C) A verdade está fora do mundo sensível e do mundo inteligível e só é alcançada pela alma depois da morte. (D) A verdade está nas ideias do mundo inteligível e é obtida através das experiências no mundo sensível. (E) A verdade está nas ideias do mundo inteligível e o mundo inteligível é uma cópia do mundo sensível. QUESTÃO 35 Leia o argumento abaixo: "Nenhum vegetariano come linguiça de porco. Moby é vegetariano". Embora todas as proposições do argumento sejam verdadeiras, o argumento em seu conjunto é inválido, pois a estrutura formal do argumento comete o erro de ter duas premissas negativas e de duas premissas negativas nada se concluí. Além disso, é lógico que Moby pode não comer linguiça de porco, mas comer outras carnes. (BAGGINI, Julian. Você pensa o que acha que pensa? Rio de Janeiro: Zahar, 2010, p. 53. Adaptado). A partir da leitura do texto acima, a diferença entre verdade e validade é: (A) Verdade diz respeito a um estado de coisas no mundo e a validade diz respeito à estrutura formal do argumento, à sintaxe. (B) Verdade diz respeito a conhecer quem é Moby e a validade diz respeito à força de persuasão das proposições. (C) Verdade diz respeito ao conhecimento científico e a validade diz respeito ao uso de duas premissas negativas no argumento. (D) Verdade diz respeito ao uso correto das regras do argumento e validade diz respeito à sequência usada nas proposições. (E) Verdade diz respeito somente às premissas usadas e a validade diz respeito ao fato de a conclusão resultar dessas premissas. QUESTÃO 36 Leia o argumento a seguir: Todo homem é mortal. Sócrates é homem. Logo, Sócrates é mortal. Este argumento lógico foi denominado por Aristóteles de: (A) Premissa maior. (B) Premissa menor. (C) Silogismo analógico. (D) Silogismo dedutivo. (E) Silogismo indutivo. QUESTÃO 37 Leia o texto a seguir: "Parece que a felicidade, mais que qualquer outro bem, é tida como este bem supremo, pois a escolhemos sempre por si mesma, e nunca por causa de algo mais; mas as honrarias, o prazer, a inteligência e todas as outras formas de excelência, embora as escolhamos por si mesmas, escolhemo-las por causa da felicidade, pensando que através delas seremos felizes. Ao contrário, ninguém escolhe a felicidade por causa das várias formas de excelência, nem, de um modo geral, por qualquer outra coisa além dela mesma" (ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Brasília: EdUnb, 1992, p. 23. Adaptado). De acordo com o texto acima, a felicidade para Aristóteles é o (A) bem supremo desejado por alguns homens bem-aventurados. (B) esforço para se alcançar riqueza e estabilidade financeira. (C) fim último a ser alcançado por todas as ações humanas. (D) objetivo a ser realizado para só então se ter uma vida honrada. (E) prazer, a inteligência e todas as outras formas de excelência. QUESTÃO 38 Leia o texto a seguir: "Perguntando se o livre-arbítrio vem de Deus, conclui que sim, sendo que quando se age mal é porque se fez a escolha errada. Santo Agostinho procura assim dar conta da relação entre a natureza humana criada por Deus, a vontade livre que Deus deu ao homem e a possibilidade de o homem escolher entre fazer o bem e o mal. Sem a vontade livre o ser humano não seria responsável por seus atos" (MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética. RJ: Zahar, 2007. p.53-54. Adaptado). Segundo o texto acima, para Santo Agostinho, é fundamental que os homens tenham livre-arbítrio, para que Deus não (A) dê possibilidade de escolha para o homem. (B) permita ao homem buscar o mal mundano. (C) seja o determinador da natureza humana. (D) seja o responsável pelo mal no mundo. (E) seja responsável pelo livre-arbítrio humano. QUESTÃO 39 Leia o texto a seguir: "Não se nasce mulher, torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico ou econômico define a forma que a mulher ou a fêmea humana assume no seio da sociedade" (BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. v. II. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. p. 9. Adaptado). Com o trecho acima, Beauvoir afirma que ser mulher é uma (A) determinação biológica da natureza. (B) pessoa com ovários e útero. (C) representação da cultura patriarcal. (D) representação mítica de um ideal. (E) trabalhadora oprimida economicamente. QUESTÃO 40 Leia o texto a seguir: "Para Husserl, a consciência não é uma coisa entre as coisas, não é um fato observável, nem uma substância pensante. A consciência é pura atividade, o ato de constituir essências ou significações, dando sentido ao mundo das coisas. A essência da consciência é ser sempre consciência de alguma coisa, a que Husserl dá o nome de intencionalidade" (CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1994. p. 237. Adaptado). Segundo o texto acima, intencionalidade, para Husserl, é (A) a essência do mundo contida nos objetos empíricos. (B) a substância pensante constitutiva material da consciência (C) o ato da consciência de constituir significações no mundo. (D) o conteúdo a priori da consciência humana diante do mundo. (E) o desejo oculto da consciência implícito em toda ação humana. QUESTÃO 41 Leia o texto a seguir: "Hume questiona a realidade objetiva da causalidade. Para ele, o conhecimento dessa relação não se obtém em nenhum caso pelo raciocínio a priori, mas apenas pela experiência, quando descobrimos que objetos particulares estão em conjunção uns com os outros e, por força do hábito, consideramos que diante de um objeto, sempre teremos o outro" (MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004, p. 183. Adaptado). Segundo o texto acima, Hume considera que a causalidade não é um princípio a priori universal e necessário existente nos objetos, mas o resultado de (A) conjunção repetitiva entre eventos distintos resultando em um nexo causal universal. (B) experiências particulares de eventos sucessivos repetitivos a ponto de formar um hábito. (C) raciocínios metafísicos sobre a natureza ontológica dos objetos constitutivos de causa e efeito. (D) regra racional geral obtida através da abstração do nexo causal de eventos sucessivos. (E) tradições culturais firmadas ao longo de muito tempo constitutivas de hábitos. QUESTÃO 42 Leia o texto a seguir: "Aqui está um livro de boa-fé, leitor. Ele te adverte, desde o início, que não me propus outro fim além do doméstico e privado. Nele não tive nenhuma consideração por servir-te nem por minha glória: minhas forças não são capazes de tal desígnio. Dediquei-o ao uso particular de meus parentes e amigos, a fim de que, tendo-me perdido, possam aqui encontrar alguns traços de minhas atitudes e humores, e que por esse meio nutram, mais completo e mais vivo, o conhecimento que têm de mim. Se fosse para buscar os favores do mundo, teria me enfeitado de belezas emprestadas. Quero que me vejam aqui em meu modo simples, natural e corrente, sem pose nem artifício: pois é a mim que retrato" (MONTAIGNE, Michel de. Ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 37. Adaptado). Montaigne representa o ceticismo humanista do Renascimento. No trecho acima dos Ensaios, isso fica claro porque ele relata (A) as suas verdades pessoais, as únicas que devem valer para todo o mundo. (B) as suas vivências pelo mundo, para que sua família se lembre dele. (C) as verdades do mundo, que são comuns a todos seres racionais. (D) os seus pensamentos pessoais, sem nenhuma pretensão de verdade universal. (E) os seus raciocínios, tentando convencer os outros da verdade deles. QUESTÃO 43 Leia o texto a seguir: "Muita gente imaginou repúblicas e principados que nunca se viram nem jamais foram reconhecidos como verdadeiros. Vai tanta diferença entre o como se vive e o modo por que se deveria viver, que quem se preocupar com o que se deveria fazer em vez do que se faz aprende antes a ruína própria, do que o modo de se preservar; e um homem que quiser fazer profissão de bondade é natural que se arruíne entre tantos que são maus" (MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 69. Adaptado). O trecho acima se refere ao esforço de Maquiavel em conceber a política como autônoma em relação à ética. Ele consegue isso distinguindo entre (A) a monarquia, com a política astuciosa dos príncipes, e a república, com os valores éticos da democracia. (B) a preservação de si mesmo com seus valores cristãos e a falsa profissão de bondade real. (C) a virtú, força viril dos políticos guerreiros, e a fortuna, a benção divina sobre o governante. (D) o como se vive, a política como verdade efetiva, e o como se deveria viver, as utopias éticas. (E) os homens maus, a política como maquiavelismo, e os homens bons, as virtudes cristãs. QUESTÃO 44 Leia o texto a seguir: "Um aspecto importante da filosofia de Santo Tomás de Aquino são suas provas da existência de Deus. Em seu livro, a Suma teológica, ele propõe as seguintes cinco vias como provas: o primeiro motor, a causa eficiente, a distinção entre ser necessário e ser contingente, os graus de perfeição e a finalidade do ser" (COTRIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 246. Adaptado). Com exceção da quarta prova, os graus de perfeição, todas as outras provas compartilham de uma mesma ideia básica, que é a seguinte: (A) A ideia de causalidade: se existe o efeito (o mundo), então existe a causa (Deus). (B) A ideia de lógica: se um ser perfeito (Deus) não existisse, então Ele não seria perfeito. (C) A ideia de perfeição: se o mundo é imperfeito, só o ser perfeito (Deus) pode ter essa ideia. (D) A ideia de racionalidade: se o mundo é ordenado, então uma razão (Deus) o ordenou. (E) A ideia de revelação: se a existência do mundo é um mistério, então Deus é a revelação. QUESTÃO 45 Leia o texto a seguir: "Heráclito dizia que tudo flui, nada persiste nem permanece o mesmo. O ser não é mais que o vir a ser. Tu não podes descer duas vezes no mesmo rio. Já Parmênides dizia que seria contraditório buscar a essência naquilo que está sempre mudando. O ser é e o não ser não é" (COTRIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 209-210. Adaptado). De acordo com o texto acima, Heráclito se contrapõe a Parmênides, porque ele defende (A) a constante criação divina de seres a partir do nada, enquanto Parmênides não aceita a participação do divino no cosmos. (B) a inexistência do ser como princípio metafísico do cosmos, enquanto Parmênides defende a existência do ser. (C) o movimento constante entre opostos como princípio metafísico do cosmos, enquanto Parmênides defende a permanência da essência. (D) que a fluidez do cosmos prova que o nada não pode existir, enquanto Parmênides defende a existência do nada. (E) que os rios gregos estão sempre mudando de curso, enquanto Parmênides aceita a possibilidade de mapas geográficos precisos. QUESTÃO 46 Leia o texto a seguir: "Para não correr o risco de se enganar, Descartes decide considerar falso o que é só verossímil. Começa, pois, por submeter tudo à dúvida: "Suponho que todas as coisas que vejo são falsas. Fixo-me bem que nada existiu de tudo o que minha memória me representa. Penso não ter nenhum órgão de sentidos. Creio que o corpo, a figura, a extensão, o movimento e o lugar são invenções do meu espírito. Então, o que posso considerar verdadeiro?". Não é uma dúvida psicológica, nem a dúvida dos céticos. Ao contrário. Essa dúvida hiperbólica está a serviço de fortalecer um espírito que busca a certeza. Eis o que resta: "Embora eu quisesse pensar que tudo era falso, era preciso necessariamente que eu, que assim pensava, fosse alguma coisa. Observando que essa verdade, "penso, logo sou", era tão firme e sólida que nenhuma das mais extravagantes hipóteses dos céticos seria capaz de abalá-la, julguei que podia aceitá-la como o princípio primeiro da filosofia que procurava" (BENJAMIN, César. Folha de São Paulo, São Paulo, 18 de setembro de 2011, http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrissima/il1809201105.htm). Conforme o trecho acima, Descartes, com o argumento do "penso, logo existo", busca alcançar (A) um fundamento hiperbólico para o espírito científico. (B) um fundamento indubitável para o conhecimento. (C) uma confirmação segura da hipótese dos céticos. (D) uma prova indubitável da existência individual ou de indivíduos. (E) uma prova inquestionável da existência do corpo. QUESTÃO 47 Leia o seguinte diálogo, entre Adso de Melk e Guilherme de Baskerville, personagens do romance "O nome da rosa", de Umberto Eco, cuja história se passa na Itália no final do ano de 1327. Adso: "Porém, quando vós lestes as pegadas sobre a neve e nos ramos, ainda não conhecíeis (o cavalo) Brunello. De certo modo, os rastros nos falavam de todos os cavalos, ou pelo menos de todos os cavalos daquela espécie. Não devemos então dizer que o livro da natureza nos fala só por meio de essências, como afirmam admiráveis filósofos?" [...] Guilherme: "Só então soube que meu raciocínio anterior me levara para perto da verdade. De modo que as ideias, que eu usava antes para figurar-me um cavalo que ainda não tinha visto, eram puros signos, como eram signos da ideia de cavalo as pegadas (que vimos) sobre a neve: e usam-se signos e signos de signos apenas quando nos fazem falta as coisas". Adso (refletindo sobre o seu mestre Guilherme): "Outras vezes eu o tinha escutado falar com muito ceticismo das ideias universais e com grande respeito das coisas individuais: e depois parece que essa tendência ele a tivesse tanto por ser britânico como por ser franciscano". (ECO, Umberto. O nome da rosa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983. p. 42-43. Adaptado). O título do livro, "O nome da rosa", faz referência a um importante debate filosófico ocorrido na Idade Média acerca do valor e da exatidão dos nomes (palavras), principalmente em relação ao conhecimento científico. O diálogo acima entre Adso e Guilherme retrata bem esse debate filosófico, sendo que Adso representa a corrente filosófica chamada de ________ e Guilherme a chamada de _____________. As duas lacunas do texto são preenchidas corretamente por: (A) essencialismo e neoplatonismo. (B) nominalismo e essencialismo. (C) patrística e neoplatonismo. (D) patrística e realismo. (E) realismo e nominalismo. QUESTÃO 48 O trecho abaixo aborda os temas da natureza e da cultura: "Não são, portanto, a razão, a afetividade, nem mesmo a linguagem que distinguem, em última análise, os seres humanos, mesmo que, à primeira vista, esses diversos elementos possam parecer discriminatórios. Quem tem um cão sabe perfeitamente que o cão é mais sociável e até muito mais inteligente do que alguns seres humanos! Nesses dois aspectos só diferimos dos animais pelo grau, do maior ao menor, mas não de modo radical, qualitativo. O critério de diferenciação entre o homem e o animal reside em outro ponto. Rousseau vai situá-lo na liberdade, ou, como exprime por meio de uma palavra que vamos analisar, na "perfectibilidade". No animal, a natureza fala o tempo todo e fortemente, tão fortemente que ele não tem a liberdade de fazer nada além de obedecer lhe. No homem, ao contrário, domina certa indeterminação: a natureza está presente de fato, e muito, como nos ensinam todos os biólogos. Contudo, o homem pode afastar se das regras naturais, e até criar uma cultura que se opõe a elas. Por exemplo, a cultura democrática que vai tentar resistir à lógica da seleção natural para garantir a proteção dos mais fracos" (FERRY, L. Aprender a viver. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. p. 130-133. Adaptado). Segundo o texto de Luc Ferry, seguindo o pensamento de Rousseau, o que diferencia homem do animal é a (A) afetividade, que permite aos homens demonstrar suas emoções para com o outro. (B) comunicação, que permite aos homens estabelecer estratégias de ações conjuntas. (C) liberdade, que permite aos homens superar as regras naturais e fazer cultura. (D) perfectibilidade, que permite ao homem ser a única criatura perfeita no reino da natureza. (E) programação genética, que permite aos homens, e não aos animais, construir culturas. QUESTÃO 49 Leia o texto a seguir: "Um dos modos talvez mais simples e menos polêmicos de se caracterizar a filosofia é através de sua história: forma de pensamento que nasce na Grécia antiga, por volta do séc. VI a.C. Os primeiros filósofos Tales, Anaxímenes e Anaximandro surgem nas colônias gregas do Mediterrâneo oriental, no mar Jônico, que eram importantes postos comerciais e onde reinava um certo pluralismo cultural, com a presença de diversas línguas, tradições, cultos e mitos. É possível que a influência de diferentes tradições míticas tenha levado à relativização dos mitos. Por isso, os filósofos da escola jônica buscam uma explicação do mundo baseada essencialmente em causas naturais e através de uma discussão aberta, na qual todos podiam participar com seus argumentos" (MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004, p. 19-22. Adaptado). Segundo Marcondes, uma das condições para o surgimento do pensamento filosófico na Grécia antiga foi a mentalidade (A) aberta e tolerante dos comerciantes gregos com relação aos diferentes mitos. (B) aberta e tolerante dos comerciantes gregos com relação aos fenômenos naturais. (C) filosófica reinante nas colônias gregas do Mediterrâneo oriental. (D) mítica dos comerciantes gregos da Jônia com relação aos fenômenos naturais. (E) reacionária dos comerciantes gregos com relação aos mitos bárbaros. QUESTÃO 50 Leia o texto a seguir: "Até agora se supôs que todo o nosso conhecimento tinha que se regular pelos objetos; porém todas as tentativas de mediante conceitos estabelecer algo a priori sobre os mesmos, através do que ampliaria o nosso conhecimento, fracassaram sob esta pressuposição. Por isso tente-se ver uma vez se não progredimos melhor nas tarefas da metafísica admitindo que os objetos têm que se regular pelo nosso conhecimento" (KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 12. Adaptado). Nesta passagem, Kant apresenta sua proposta de fazer uma "revolução copernicana" na metafísica, que consistiria em fazer com que o conhecimento do objeto dependesse de (A) características intrínsecas ao objeto conhecido. (B) experiências feitas pelo próprio sujeito cognoscente. (C) princípios transcendentes ao sujeito empírico. (D) princípios cognitivos pertencentes ao sujeito transcendental. (E) um conjunto de conhecimentos inatos ao sujeito. QUESTÃO 51 Leia o texto a seguir: "Segundo Koyré, a Revolução científica do século XVII causou a destruição do cosmos como concepção do mundo como um todo finito, fechado e ordenado hierarquicamente e a sua substituição por um universo indefinido e infinito que é mantido coeso pela identidade de seus componentes e leis fundamentais. Isso implicou o abandono, pelo pensamento científico, de todas as considerações baseadas em valores" (KOYRÉ, Alexandre. Do mundo fechado ao universo infinito. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006, p. 6. Adaptado). De acordo com o texto acima, uma característica do novo pensamento científico, que surge com a Revolução científica, é a (A) destruição da ideia de cosmos aberto. (B) hierarquização matemática das leis da natureza. (C) indefinição da ordem do universo. (D) passagem do mundo infinito para o determinado. (E) separação radical entre fatos e valores. QUESTÃO 52 Leia o texto a seguir: "Os pensamentos da classe dominante são também, em todas as épocas, os pensamentos dominantes, ou seja, a classe que tem o poder material dominante numa dada sociedade é também a potência dominante espiritual. A classe que dispõe dos meios de produção material dispõe igualmente dos meios de produção intelectual, de tal modo que o pensamento daqueles a quem são recusados os meios de produção intelectual está submetido igualmente à classe dominante. Os pensamentos dominantes nada mais são do que a expressão idealizada das relações materiais dominantes, portanto, a expressão das relações que fazem de uma classe a classe dominante; em outras palavras, são as ideias de sua dominação" (MARX, Karl. A ideologia alemã. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 48. Adaptado). Marx, no trecho acima, está se referindo à ideologia, cuja função é fazer com que as ideias (A) da classe dominada sejam a expressão real das relações materiais dominantes, expondo a dominação de uma classe. (B) da classe dominante sejam também as ideias da classe dominada, mascarando a dominação material de uma sobre a outra. (C) da classe dominante tenham validade universal, já que elas efetivamente são justas e garantem a sobrevivência de todos. (D) daqueles que detêm os meios de produção intelectual permitam a classe dominada se libertar através do trabalho. (E) daqueles que efetivamente trabalham e produzem as condições materiais da sociedade sejam as ideias de todos. QUESTÃO 53 Leia o texto a seguir: "Wittgenstein nas Investigações Filosóficas diz que a significação de uma palavra é o seu uso na linguagem" (WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações filosóficas. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 28. Adaptado). Assim, por exemplo, na frase "o Sr. Branco é branco", a palavra "branco" tem dois significados diferentes, pois ela é usada como nome próprio no início da frase e como designação de uma cor no final da frase. A consequência disso é que as palavras, conceitos e nomes (A) não podem ser utilizados pela filosofia. (B) não possuem nenhuma significação. (C) não possuem uma essência universal fixa. (D) são ambíguos, confusos e inexatos. (E) tem significado lógico rigoroso e exato. QUESTÃO 54 Leia o texto a seguir: "A ética é a reflexão filosófica que visa fazer com que, diante da necessidade de decidir sobre como proceder em determinadas circunstâncias, a pessoa aja de modo correto; bem como servir de parâmetro para avaliar um determinado ato realizado por outro indivíduo como sendo ou não eticamente correto. Porém, a ética não pode ser vista dissociada da realidade sociocultural concreta. Os valores éticos de uma comunidade variam de acordo com o ponto de vista histórico e dependem de circunstâncias determinadas" (MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 9-10. Adaptado). No texto acima, Marcondes afirma que a ética é a reflexão filosófica que avalia as regras de comportamento humano. Isto significa que o comportamento humano NÃO é determinado (A) pela imperfeita realidade concreta das comunidades humanas, mas por ideais do espírito humano, por isso, o idealismo ético. (B) pela natureza, mas por regras criadas pela própria comunidade humana dentro de condições específicas e, por isso, o relativismo ético. (C) pela razão humana, mas pelas emoções e pelos sentimentos que são comuns a todos os seres humanos, por isso, o emotivismo ético. (D) por emoções, mas por regras universais da razão humana explicitadas através da reflexão filosófica, por isso, o universalismo ético. (E) por leis divinas, mas por leis imparciais, criadas pelos homens, com validade para todas comunidades, por isso, o secularismo ético. QUESTÃO 55 Leia o texto a seguir: "Durante o inverno de 1919-1920, essas considerações me levaram a conclusões que posso agora reformular da seguinte maneira: (1) É fácil obter confirmações ou verificações para quase toda teoria - desde que as procuremos. (2) As confirmações só devem ser consideradas se resultarem de predições arriscadas. (3) Toda teoria científica "boa" é uma proibição: ela proíbe certas coisas de acontecer. Quanto mais uma teoria proíbe, melhor ela é. (4) A teoria que não for refutada por qualquer acontecimento concebível não é científica. A irrefutabilidade não é uma virtude, como frequentemente se pensa, mas um vício" (POPPER, Karl. Conjecturas e Refutações. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1982, p. 66. Adaptado). No trecho acima, Popper critica o princípio de verificabilidade como critério de demarcação entre ciência e não ciência, propondo um novo princípio. Segundo ele, o critério de cientificidade de uma teoria é a refutabilidade, ou seja, (A) a refutação da teoria através de algo proibido por ela. Isso significa que uma teoria para ser científica precisa ser refutada empiricamente. (B) a teoria não pode ser refutada por nenhuma das proibições que ela contém. Isso significa que uma teoria científica estabelece verdades seguras. (C) a teoria proíbe todos os eventos. Isso significa que uma teoria científica boa é uma teoria negativa centrada em proibições e não afirmações. (D) após a tentativa de refutação, a teoria se mostrou segura. Isso significa que uma teoria científica é sair da conjectura para alcançar a verdade. (E) tentar refutar a teoria através de algo proibido por ela. Isso significa que uma teoria cientifica é uma conjectura que se mantém, enquanto não for refutada. QUESTÃO 56 Leia o texto a seguir: "Kant recusa tanto o empirismo como o racionalismo; existem ideias puras da razão - mas meramente como princípios regulativos a serviço da experiência. Demonstrando a existência de certas condições da experiência não empíricas e, portanto, universalmente válidas. Kant mostra que a metafísica é possível, mas em contraposição ao racionalismo, somente como teoria da experiência, e não como uma ciência que transcende o âmbito da experiência; e, à diferença do empirismo, não como teoria empírica, senão como teoria transcendental da experiência" (HÖFFE, Otfried. Immanuel Kant. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 39-40. Adaptado). Otfried Höffe afirma que Kant elabora, com a sua teoria do conhecimento, uma nova metafísica fundada em uma "teoria transcendental da experiência", capaz de superar o racionalismo e o empirismo porque mantém (A) as ideias puras da razão, mas somente enquanto capazes de comprovação empírica. (B) as ideias puras da razão, mas somente enquanto condição de conhecimento da experiência como coisa em si. (C) os princípios a priori da razão, mas somente enquanto princípios imanentes a uma experiência possível. (D) os princípios a priori da razão, mas somente enquanto condição de possibilidade de uma experiência empírica. (E) os princípios universais e necessários da razão, mas somente enquanto biologicamente inatos ao homem. QUESTÃO 57 Leia o texto a seguir: "Onde está a necessidade da filosofia? Está no fato de que ela, por meio da reflexão, permite que o homem tenha mais que uma dimensão, além daquela que é dada pelo agir imediato no qual o "homem prático" se encontra mergulhado. É ela que permite o distanciamento para a avaliação dos fundamentos dos atos humanos e dos fins a que eles se destinam. É ela que reúne o pensamento fragmentado da ciência e o reconstrói na sua unidade. É ela que retoma a ação pulverizada no tempo e procura compreendê-la" (ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando. São Paulo: Moderna, 1986, p. 48, Adaptado). Segundo o trecho acima, o pensamento filosófico é necessário aos seres humanos, porque desenvolve as capacidades de (A) unidimensonalidade e avaliação. (B) transcendência e liberdade. (C) reflexão e cientificidade. (D) imanência e unidade. (E) admiração e necessidade. QUESTÃO 58 Leia o texto a seguir: "O reconhecimento dessa dimensão propriamente filosófica da história da filosofia deve incidir diretamente sobre a prática historiográfica, tornando-a constitutiva do ato de filosofar. Desta sorte, a filosofia encontra na "rememoração" do seu passado, uma forma de legitimação teórica do seu presente. A historiografia filosófica deixa de ser tarefa puramente arqueológica ou apenas reconstituição de sistemas de ideias. Ela se torna um ato de filosofar" (VAZ, Henrique C. de Lima. Escritos de filosofia III. São Paulo: Loyola, 1997, p. 286. adaptado). No trecho acima, Vaz se refere à filosofia, seu passado e seu presente, afirmando: (A) O passado da filosofia, a sua história, é ato constitutivo da atividade filosófica do presente. (B) O passado da filosofia, a sua história, é ato de filosofar significativo para a época da sua produção. (C) O passado da filosofia, a sua história, é uma independente arqueologia das reflexões filosóficas. (D) O presente da filosofia, o ato de filosofar, é uma atividade independente do seu passado, a história. (E) O presente da filosofia, o ato de filosofar, é uma repetição constante do passado, sua história. QUESTÃO 59 Leia o texto a seguir: "A dedução é uma inferência que vai dos princípios gerais para uma consequência logicamente necessária, enquanto que a indução é uma argumentação em que, a partir de dados singulares suficientemente enumerados, inferimos uma verdade universal" (ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando. São Paulo: Moderna, 1986, p. 100-102. Adaptado). Leia os argumentos abaixo: I. Sei que está na hora do intervalo porque tocou o sinal. II. O velho pescador disse que não vai pescar hoje porque as nuvens estão pesadas e escuras, a cor da água está embaçada e isto significa que vai chover. III. Depois de ter feito várias experiências com fígado de macaco, Claude Bernard concluiu que o fígado tem uma função glicogênica. IV. Como os testes demonstraram que foram precisos, pelo menos, 2,3 segundos para manobrar a culatra do rifle de Oswald, é óbvio que Oswald não poderia ter disparado três vezes em 5,6 segundos ou menos. A opção que classifica corretamente os argumentos acima em dedutivos e indutivos é: (A) I - dedução, II - dedução, III - indução, IV - dedução. (B) I - dedução, II - indução, III - indução, IV - dedução. (C) I - indução, II - dedução, III - dedução, IV - indução. (D) I - indução, II - indução, III - dedução, IV - indução. (E) I - indução, II - indução, III - indução, IV - indução. QUESTÃO 60 Leia o texto a seguir: "Um argumento é a mais básica unidade completa do raciocínio, um átomo da razão. Um argumento é uma inferência extraída de um ou de vários pontos de partida (proposições denominadas "premissas") que conduz a um ponto final (uma proposição denominada "conclusão")" (BAGGINI, Julian. As ferramentas dos filósofos. São Paulo: Loyola, 2012. Adaptado). A partir do texto acima, é CORRETO afirmar que uma inferência é (A) a extração de um átomo da razão através da intuição intelectual. (B) a forma da racionalidade humana se manifestar como verdadeira. (C) a passagem logicamente consistente da conclusão para as premissas. (D) o argumento como unidade básica completa do raciocínio correto. (E) o processo de derivar uma proposição de uma ou mais proposições. GABARITO: 31 D 32 E 33 B 34 A 35 A 36 D 37 C 38 D 39 C 40 C 41 B 42 D 43 D 44 A 45 C 46 B 47 E 48 C 49 A 50 D 51 E 52 B 53 C 54 B 55 E 56 D 57 B 58 A 59 A 60 E |
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Como referenciar: "Provas - SEE-MG - FUMARC - 2017" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 22/11/2024 às 22:34. Disponível na Internet em http://sofilosofia.com.br/vi_prova.php?id=250